A ideia era sermos livres: presos
pelos astros e pelas artérias e pela felicidade
de querer,
enquanto surdos, somos habitados
pelo murmúrio interior, pelas medulas do
desejo.
E mesmo que as coisas
tomem o seu passo vagaroso para o sono,
mesmo que hoje me ardam os cabelos
na dança do sonho, e longe - de muito longe -
todas as cavidades da alma se abram
e me escutem
eu quero contigo abrir as estrelas ao meio
e beber cada gota limpa
na nocturna esperança de tudo existir e ser
infinito.
Por isso te escrevo e me expresso
com raios e riscos e faíscas para que te
lembres
do lugar exacto onde o universo te toca e te mergulha.
Por isso te trago até aqui: onde o liquido das
estrelas
corre pelas fendas dos olhos, onde tudo é leve
e onde tudo se sopra
e suspensos não nos desequilibrámos
porque pelo rastejar dos lábios sobre a pele
conhecemos todos os sonhos, e trespassámos
o mundo.