Não sei
como aconteceu, embora fosse nuvem
sopravas
à superfície da minha pele;
e os
dedos e a língua sem palavras repetidamente
pelos clarões
da minha surda nudez, tu sabias,
era intenso
e demorado o mundo adentro.
Pode ser
o amor o resto; mas eu fechava os olhos
e o mar
bombeava inteiro dentro de mim ilusões
e a
etérea sensação de espasmo ou espírito
que o teu
toque proporciona: entendes?
Não sei
como aconteceu, e talvez seja tarde
para
explicar, apenas respiravas e o céu abria-se,
lembro-me
ainda – e olho para o tecto
sem saber se possuo
o poder
de acreditar um dia mais.
Tento
escutar-me mas sinto sonhos subindo sempre
pelas
paredes, pelas mãos e pelo silêncio; os sonhos
onde
habitavas fosse eu uma chuva repleta pelo teu cabelo
até inundar
o rosto.
Anoitece dentro do meu quarto, mas as luzes,
mesmo ténues, fazem arder a tua
poesia
desprotegida em pedaços pelas imensidões do
ar.
Foste tu que me ensinaste o corpo
e os
sonhos que transformavas -vejo-os,
até hoje,
tremeluzindo ao ritmo da minha respiração.
Sabes bem
que foi essa a tua ternura: a inquietude
de tudo
ser água e névoa sobre a argumentação
de uma
existência; mesmo que o amor seja o resto
ou eu não
explique as estrelas, os teus lábios, o teu sopro
nem mesmo
as lembranças - porque fui nuvem.
Mesmo
assim, deixei-me nascer.
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